22 dezembro, 2007


Viciada em Vinho Tinto

Estou assumidamente apaixonada pela nem tão nova revelação da Soul Music. A despeito do tão aguardado novo álbum de Alicia Keys e do sucesso de Beyoncé, essa nova estrela não vem do país da Mowtown, mas das Ilhas Britânicas.

E não estou falando de Joss Stone ou Lily Allen, que também são muito boas. Falo da anoréxica e problemática Amy Winehouse.

Há três anos, eu já havia escutado uma música da moça, mas eu nem desconfiava de que se tratava de uma canção da Wino (apelido carinhoso dado pela mídia). Somente com o hit Rehab é que eu fui conhecer a dona da voz poderosa que inebriou o mundo.

Pra quem ainda não escutou um dos álbuns da inglesinha, branca e filha de judeus (pai taxista e mãe farmacêutica), ou que já escutou mas não levou fé, saiba que não é um exagero meu. Simplesmente, a cantora de olhos bem marcados e penteado hiper-volumoso recebeu elogios rasgados e convite de trabalho de ninguém menos que Prince. Engrossam a lista: P. Diddy, Timbaland, Kanye West e por aí vai. Todos se rendem a Wino.

Tanta admiração tem um motivo especial. Na verdade, três: a sua voz é perfeita (ao mesmo tempo aveludada e rouca, forte e sussurrante, atingindo notas agudas e graves poderosos); a sua interpretação vocal é invejável (como se ela brincasse de cantar); e, ao contrário da nova geração de popstars, que nada compõem, a sua composição é ótima (ela é co-autora ou a única de quase todas as suas músicas).

As letras são fantásticas. Não se trata daquele romantismo mela-cueca ou dor-de-cotovelo. É coisa mais realista, mas "next door". Ela fala de sensações, mais do que emoções; fala de coisas que costumamos fazer quando estamos tristes, irritados ou de saco cheio. E, pra isso, lança mão de temas superatuais: a dependência narcótica e a reabilitação, a falta de amigos, o excesso de dinheiro, a aporrinhação da família, as puladas de cerca do namorado, o vazio intelectual das pessoas, etc.

A única coisa que dispenso em Wino é a sua tendência suicida, já confidenciada por ela própria. A cantora já foi internada várias vezes em clínicas de reabilitação (que custavam US$15 mil por semana), já foi presa, já sofreu duas overdoses, já tentou se matar várias vezes e, de quebra, ainda é anoréxica.

O irmão já implorou pra ela se cuidar, caso queira estar viva nos próximos dois anos. A mãe já fez apelo público na mídia, pedindo pra ela voltar pra casa (depois que ela resolveu se hospedar perto da delegacia onde seu marido, o encrenqueiro e cachaceiro Blake Fielder-Civil, continua detido por quase dois meses). Por conta disso, o pai resolveu ciceroneá-la (ou melhor, vigiá-la) durante suas visitas carcerárias.

A moça não sabe escolher boas companhias. Ela tem um histórico de namorados problemáticos e seu mais novo conselheiro e amigo de papo é Pete Doherty, do Babyshambles (viciado em crack e cocaína). E o pior é que ela não se toca: Prince, ao convidá-la pra gravar músicas em seu estúdio caseiro, exigiu que ela fosse sem o marido a tira-colo. E até Noel Gallagher (do Oasis) pediu pra ela parar com essa vida... Só falta Keith Richards entrar no coro também! Aliás, espero que ela tenha a mesma sorte deste último, que, mesmo com uma vida super-desregrada, conseguiu chegar aos setenta anos... e trabalhando. Tomara que eu possa vê-la brilhando por muitos anos ainda. O mundo da música carece de entorpecentes como a voz de Wino.

Enfim, deixo de papo e passo para as recomendações. Para quem ficou curioso, indico 7 músicas maravilhosas: ‘Take the box’ e ‘Stronger than me’ (“Frank” - 2003), ‘Valerie’ (do álbum “Version” de Mark Ronson), ‘Back to Black’, ‘Addicted’ (que é viciante mesmo) , ‘You know i’m no goo’d, ‘Tears dry on their own’ (todas do album” Back to Black”, de 2006).

Pra finalizar, veja só um trecho traduzido de “Stronger than me”, que é super-hilária:

"Você deveria ser mais forte que eu

E mesmo sendo mais duro do que um peru congelado,

Porque você tem sempre que me controlar?

Tudo que preciso é que meu homem cumpra seu papel

Você está sempre querendo conversar sério.

Eu estou bem

Eu sempre tenho que te confortar todo dia

Mas o que você quer que eu faça?

Você é gay?

Porque já me esqueci das alegrias do amor juvenil

Pareço uma senhora

E você é meu menino-moça

“Ele disse:

Eu te respeito

Pensei que você tinha muitas lições pra aprender

Eu disse:

Você não sabe que o amor assume o controle?”

É como se você estivesse lendo sobre isso em algum roteiro chato

Eu não vou conhecer sua mãe em hora nenhuma

Eu só quero pôr seu corpo sobre o meu

Por favor, me fala porque você acha isso um crime

E se você quer mais uma dica, pegue a tradução de Back to Black...e depois diga o que acha.



Fato curioso: a doida nasceu no mesmo dia que a minha mãe (14/09) e no mesmo ano que eu (1983)

2 comentários:

Pedro Nurmi disse...

A Amy é demais mesmo!
Só conheço a "You know i'm no good", a estourada "Rehab" e a "Back to Black", mas já a respeito muito! E não é só as letras e a voz de Amy que humilham não, a banda dela também é excelente! Nos shows tem até direito a backing dançante. Os caras dançam mais do que cantam, e são muito palhaços.

Ah, e a Amy nunca responde aos "i love you's" constantes nos shows. Tem que ver que ela é uma moça casada e tudo o mais, toda politicamente correta. HAHAHHAH

Anônimo disse...

eu já ouvi falar dela, mas não conheço seu trabalho. lembro de ver um vídeo dela na tv, algo que me deixou uma impressão muito marcante.