24 março, 2008

Ecos "pessoanos" em Dylan.


Fala-se sobre Rimbaud, porém o poeta que eu vejo presente no filme é Pessoa. Refiro-me a "Não estou lá", o filme do diretor Todd Haynes sobre Bob Dylan. Um filme biográfico, há bastante tempo já, não pressupõe a tradicional lógica de início/meio/fim, como ocorre com a vida biológica de uma pessoa de carne e osso, porém "Não estou lá" subverte totalmente o esperado e é composto por uma forma totalmente fragmentária e anti-padronizada. Seis atores representam Dylan, e ao mesmo tempo que todos são Dylan, ninguém é Dylan. Temos o Dylan poeta, o Dylan fora-da-lei, Dylan profeta e etc, e aí que entra um pouco do aspecto "pessoano" do filme. Até o nome das personagens é outro, e concluí-se que trata-se de Dylan, pois, bref, trata-se de uma cinebiografia do próprio, não é mesmo?, e também porque, como recurso da narrativa do filme, temos as músicas sendo tocadas pelas personagens (e mesmo curtas inseridos no filme revelando o conteúdo de algumas das suas letras de música).
Diria que o mais impressionante dos Dylans é o representado por Cate Blanchett. Não posso dizer que ela É ele, porém certamente a personagem criada é muito forte e muito interessante (e isto se deve também ao roteiro excelente do filme).
Outro ponto alto do filme (fora a forma como é contado, Blanchett e o roteiro) é a fotografia. O segmento de cada Dylan tem sua própria característica na fotografia também. Temos um segmento vida no interior, com muito sol, natureza e elementos fantásticos, e por outro lado temos um segmento que parece ter vindo direto de um filme do Godard, ou talvez de algum clipe do Pizzicato Five.
E com música boa, falas memoráveis, e vai-e-vem narrativo não-convencional, temos um filme talvez um pouco mais longo do que deveria, e certamente mais próximo de poesia modernista do que de cinema contemporâneo. Ou será isso mesmo?

02 fevereiro, 2008

"Freestyle" de fotografia e narrativa.


Entre manobras de skate com efeitos de envelhecimento de imagem, minimalismo sonoro conjugado com trilha etérea, e câmera lenta, nos deparamos com o espetáculo que é o filme mais recente do diretor americano Gus Van Sant, "Paranoid Park". Trata-se da história de Alex, um jovem skatista de 16 anos que acaba se envolvendo com a morte de um segurança nos trilhos de um trem próximo ao Paranoid Park: paraíso dos skatistas de vida torta, drogados, bêbados, punks, órfãos, suicidas, assassinos, dentre outros membros do submundo. A trama gira em torno do impasse de Alex entre viver com a culpa ou revelar a verdade para alguma pessoa e sentir-se mais leve.
Através da vida do rapaz, Gus Van Sant explora vários pormenores da vida dos adolescentes, como namoradas, sexo, família e problemas familiares; e com uma narrativa nunca linear, intercalada por cenas das manobras de skate nas quais o experimentalismo é usado de forma totalmente livre, sendo este um dos detalhes mais interessantes e belos do filme. A câmera, que sempre filma os adolescentes de forma apaixonada e em muitos momentos até erótica, quase sempre simula uma pessoa observando a cena, seja atores do filme, ou mesmo pessoas virtuais, o que adiciona um aspecto psicológico interessante ao filme, visto que trata-se de um crime escondido.
No campo do experimentalismo, o diretor utiliza várias cenas longas que em algum momento perdem o som, ficando apenas a trilha sonora. Skate ao som de música country lamuriosa? Há também uma cena longa na qual Alex toma banho na noite do crime. A cena utiliza iluminações diversas e incomuns, closes incomuns no rosto encoberto de sombra... e até mesmo as gotas pingando do cabelo parecem conspirar para a genialidade cena! É como se o rapaz realmente estivesse aliviando parte de sua culpa com aquela ducha sobre a cabeça. (vale lembrar que o diretor aposta no imprevisto até na escolha do ator que protagonizou o filme, que, na verdade, é um ator totalmente inexperiente a quem Gus deu o papel tendo em mente que gostaria de ter uma personagem-adolescente o mais natural e verossímil possível).
Enfim, deixo a dica para quem quer ver um filme nada convencional; diria que até mesmo no que se esperaria dele ele foge ao convencional, e será difícil duas pessoas assistirem e saírem com a exata mesma idéia do filme - mas certamente devido à alguma mensagem subliminar hipnótica todos se sentirão um pouco skatistas, ou pelo menos algo como isso.

Política, Racismo e Desculpas


É fato que a política só promove bem-estar a quem nela trabalha. Também é certo que os políticos fazem de tudo para suas canalhices acabarem em pizza, mas paciência tem limite!

Durante o anúncio de pedido de demissão da ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, após o escândalo sobre o uso abusivo do cartão de crédito corporativo (R$100 mil em 2007), ela usou duas desculpas para justificar sua “escorregada” que me chocaram.

Primeiro ela disse que foi vítima de má orientação por parte de seus assistentes administrativos. Ora, se ela não sabe as competências das quais ela deve se ocupar como ministra, então ela não tem competência para ser uma. Se perguntarmos a um advogado, a um faxineiro ou a um agricultor sobre o que eles devem ou não fazer dentro de seus respectivos cargos, eles o revelarão sem titubear. Ora, se a situação fosse inversa – se os assistentes tivessem mandado a ministra comprar material para o escritório com o cartão pessoal dela – certamente ela hesitaria.

Com o cartão do governo, ela alugou carro para viajar no feriado de Finados (um Astra por R$1500) e pagou até cafezinho (míseros R$4). Dá vontade de falar: “Vem cá, mulher, você não recebe salário não!”.

Segundo, ela disse que a denúncia apenas tomou grandes proporções porque ela está sendo perseguida em razão de sua declaração à BBC sobre o racismo de negros contra brancos. Na ocasião, Matilde disse que considerava uma reação normal o fato de um negro insurgir contra um branco, pois ele guarda a revolta por quase dois séculos de discriminação.

Além disso, a ministra se vê perseguida também por ter se posicionado a favor da legalização do aborto.

Peraí, a sra. Ministra quer desviar o foco e a origem de seu malogro pra se fazer de vítima? Uma coisa não tem nada a ver com outra e mais uma vez eu digo: uma pessoa (independente de cor, credo ou sexo) que se faz de vítima, diante de um escândalo extremamente escancarado como esse, não merece estar numa posição de liderança, sobretudo numa pasta recém criada pelo presidente Lula e cuja abordagem é um assunto deveras delicado no Brasil.

Racismo, sra. Matilde, quem faz é o próprio negro contra si mesmo. Ao se submeter a uma posição de vítima, de coitado, de revoltado, ele está se diminuindo e – acima de tudo – perdendo sua dignidade (palavras de quem é negra e já sofreu discriminação, mas que jamais se intimidou com isso). Enquanto acharmos que os negros desse país são vítimas de racismo, nada mudará. A discriminação (seja racial ou outra qualquer) provavelmente sempre existirá, pois a História nos mostra a sua existência desde que os primeiros povos começaram a expandir território. A melhor política de promoção da igualdade racial que poderia existir seria a de acabar com esse Ministério que é a própria admissão da existência de racismo.

Pra quem não sabe ainda, o conceito de raças já caiu por terra no mundo científico: somos todos de uma única espécie humana – e ‘raça’, aliás, foi um conceito inventado para justificar a doutrina do racismo.

Ademais, dinheiro público deveria ser usado sempre nos últimos casos. Pagar viagem de ministro para ele ficar de blábláblá em congresso e conferências mundo afora, como se sua função fosse a de pesquisador, e não a de um chefe administrativo/estrategista, é o fim da picada!

LONDRES, A CIDADE-MUNDO


Sou apaixonada pelos britânicos desde pequenina. Acho um máximo o jeito sarcástico, porra-louca e subversivo deles. E adoro o sotaque também. É extremamente cínico: brega sem deixar de ser elegante (à classe lingüista, me desculpe o juízo de valor). E ao me deparar com uma NouvelObs¹ totalmente dedicada à Londres – lá na Médiathèque da Maison de France – não resisti e peguei emprestado pra ler durante as últimas festas. Li a revista toda e achei interessante compartilhar algumas informações.

A capa da revista anuncia: trata-se de conhecer a “Ville-Monde” (em port., Cidade-Mundo). Retrato de uma cidade audaciosa, localizada entre o (V)velho e o (N)novo (M)mundo.

1ª informação — Por que Cidade-Mundo?

Há duas respostas: porque Londres é a cidade com o segundo maior número e variedade de estrangeiros no mundo atual (perdendo apenas pra NY) e porque Londres é, neste momento, a cidade mais rica da Europa.

Misturando esses dois fatores, veja o que dá: os bilionários do mundo inteiro moram lá: oligarcas russos (donos de indústrias de aço, petróleo, navios, etc.), traders americanos (negociantes da bolsa), escritores franceses, xeiques árabes, petroleiros indianos, etc. Somente os franceses, são 300 mil que chegam todos os anos na cidade. O resultado é uma população imigrante que já representa 35% da pop. total e que cresce rapidamente.

2ª informação — Por que todos escolhem Londres?

Porque a cidade transpira dinheiro. Londres é a cidade-dinheiro, lá estão os melhores restaurantes, a melhor faculdade de moda (o heterodoxo Saint Martin College, que formou Alexander McQueen, John Galliano e Stella McCartney – três dos melhores estilistas em atividade no mundo), as principais grifes (D&G, Givenchy, Issey Mihyake, Burberry, Vivianne Westwood, etc), a família real mais famosa...

E sabe por que tem tudo isso lá? Porque Londres está localizada bem no meio do fuso horário (lembre-se do Big Ben), conseguindo repassar as primeiras respostas sobre os mercados financeiros do planeta: de Tóquio, de Hong Kong, de Paris, de NY, de Bombai, de Moscou. É simplesmente o ponto de intersecção do mundo.

Os golden boys – como são chamados os homens do mercado financeiro londrino que “embilionaram” com a venda de papéis – não param de crescer. Só em 2006, os 325 mil existentes embolsaram juntos €13,5 bilhões. E isso porque ainda estamos longe das Olimpíadas de 2012 (cuja sede, nem preciso dizer onde será).

3ª informação — Quem são os londrinos?

Não há londrinos, mas o morador de Londres, que vive em bairros bem marcados culturalmente – vulgarmente chamados Londongrad (habitado pelos oligarcas russos), Londonistan (pelos islamitas), Londonabad (pelos iranianos), etc. A cidade é um mosaico étnico, acolhendo poloneses, bascos, somalis, bósnios, caribenhos, hindus, irlandeses – vindos aos montes. É o maior painel multi-cultural do mundo. E, a despeito dos ataques terroristas que atemorizam a Inglaterra, é a cidade que melhor recebe imigrantes na Europa, por realmente garantir o acesso aos direitos constitucionais a todos os cidadãos, independentemente de suas origens.

Ao todo, coexistem 50 comunidades, 300 línguas. Há os que, como os bangladeshis, preferem morar a Leste (mais comercial, industrial, região do porto, por onde chegam muitos estrangeiros, e onde se instalam os recém-chegados). Há os que, como os russos e os indianos, preferem o Oeste (mais residencial, abastado e tradicional – é só lembrar da música “West End Girls”, dos Pet Shop Boys, sobre as patricinhas vazias e os playboyzinhos drogados).

4ª informação — O que há de bom lá?

De tudo, mas pra quem tem dinheiro. Londres tem uma das melhores (e mais luxuosas) vidas noturnas, assim como as filiais das grifes mais caras. Por isso, o revés da cidade está em seu alto custo de vida: uma simples passagem de metrô custa £4 (libras esterlinas, mais valorizada que o euro); um chá da tarde num hotel pode sair por meras £78 (!); um apartamento de 2 quartos no centro da cidade não sai por menos de £3 milhões (!!).

São esses valores que transformam a chegada na cidade numa desilusão. O sonho britânico pára numa palavra: pobreza. Lá não existe pobreza, justamente porque se ignoram os pobres, expulsam-nos para subúrbios/distritos bem ao longe.

A política de Tony Blair (que embora sendo do partido trabalhista, seguiu à risca o modelo liberalista de Margareth Thatcher) só aumentou o abismo que separa pessoas como os assalariados condutores de Porsches e Ferraris (assim como os “superfelizes” poloneses de salários a €1180) dos ricaços russos capazes de pagar €8 milhões por um terreno, €10,5 milhões por uma reforma em casa, ou €130 milhões por uma mansão (assim como os goldenboys, locatários de apartamentos de 100 m² a €7500/mês)

E pensar que, por conta dessa nova leva de bilionários não tão polidos, muitos mordomos (os butlers) estão abandonando a profissão, fartos e cansados da tanta grosseria.

5ª informação — Então, por que todos adoram morar lá, mesmo com tanto sacrifícios?

Porque, além de boas escolas, a vida não é cercada de miséria, esgoto a céu aberto, barracos, chão de terra, fome, canos entupidos de gelo por falta de calefação, filas de ajuda governamental (problemas com os quais até os ricos de países pobres são obrigados a conviver).

Em Londres, ainda que o governo britânico não ajude em quase nada o povo, há uma total abertura política para os imigrantes, que lutam por quebras de preconceitos contra os ‘negros’ (apelido dos que se opõe aos ‘brancos’ e que , por isso, representa também os chineses, os coreanos, os paquistaneses, os indianos). Exemplos? Dawn Butler, de origem jamaicana, 38 anos, deputada; Sadiq Khan, origem indiana, deputado; George Galloway, mestiço de origem bangladeshi. Todos do partido trabalhista.

Aliás, várias pessoas entrevistadas pela revista – inclusive um negro americano – disseram com espanto que nunca viram tanta liberdade em seus países de origem quanto vêem em Londres. Elas revelaram que as empresas de lá se importam com o lucro e não com a cor da pele, a origem, o credo ou o diploma de seus funcionários. Para um indivíduo subir na vida, basta ele ter garra, competência e inteligência. Ambição é a palavra de ordem.

Entretanto, todos vivem os bastidores do enorme paradoxo político inglês: o governo (para fazer guerra ao terrorismo) restringe a liberdade de todos, sobretudo dos imigrantes – para que a maioria branca se sinta mais livre (considerando que os brancos são os mais queixosos do abandono governamental).

E a sensação de bem-estar vem justamente através de um sistema econômico desigual, hiper-capitalista, brutal ... e agitado pela tensão das migrações (que, sendo numerosas, camuflam a idéia de racismo).

Londres é a cidade paradoxo, a cidade explosiva, a cidade dos combates e também das oportunidades, da riqueza cultural e monetária. No entanto, tudo isso é conseqüência do que Londres realmente é. Ela oferece ao mundo o que a humanidade sempre buscou: liberdade. E o preço que ela cobra para esse usufruto é tolerância. É preciso aprender a conviver diariamente com punks cheios de piercings e tatoos, hyppies, mendigos em parques, ‘paris hiltons’ magérrimas e loiríssimas, nerds engravatados do setor financeiro, cientistas sensacionalistas, islâmicos em turbantes e burcas, indianos com suas carrocinhas de hot-dog, ambientalistas e naturebas, escritores eslovenos, artistas irlandeses, advogados chineses, estudantes latinos e japoneses, engenheiros africanos...

Sabe o que vislumbro disso tudo: Londres é a própria imagem da modernidade. A cidade é uma terra controlada pelo capital financeiro, um mundo virtual, em que se finge gostar do próximo para poder usufruir do máximo de “civilização” e conforto propiciados pela retenção de riquezas, uma cidade-nação que não tem nacionalidade. Não sei se ela serviria de modelo para algum povo ou se ela realmente está mostrando o futuro da humanidade. A única conclusão a que chego é que somos muito ricos etnologicamente, somos de muitos tipos e, ao mesmo tempo, temos sonhos bem comuns.

Bem, pra quem arranha no Francês, vai uma dica superlegal: a revista edita todas as matérias da edição de papel na Internet. E o melhor é que cada uma pode ser acessada pelo link do título. O chato é que eles não editam as fotos...

Vale a pena ler as matérias: Les bonheurs d’une double vie ; Londres, une ville ouverte ; Les immigrés de Londongrad e Lady K. O endereço é :

http://hebdo.nouvelobs.com/hebdo/parution/p20070705/


*revista hebdomadária francesa Nouvel Observateur (em português, Novo Observador), nº2226, de 5 a 11 de julho de 2007.

13 janeiro, 2008

Novo, renovado e inovador.

Alguns anos atrás, era muito raro encontrar alguém que conhecesse a banda Nightwish aqui no Brasil. A banda, formada em 1996 em Kitee, Finlândia, já estava bastante conhecida por toda a europa e outros países pelo mundo enquanto que no Brasil, apesar de já ter realizado alguns poucos shows, ainda se mantinha desconhecida. Com o lançamento do CD "Once", em 2004 (o sexto álbum da banda), eles se tornaram sucesso instantâneo no Brasil com a música "Nemo", tendo a sorte de ser lançada bem no auge da moda "Evanescence" e "estética gótica", chegando a realizar uma turnê pelo país. A imagem da banda era a vocalista, Tarja Turunen - para mim, uma das maiores vozes do mundo - com seu estilo que mistura formação clássica (ópera) e voz suave. Este CD permitiu ao Nightwish um sucesso absurdo pelo mundo, e justamente quando eles estavam no momento máximo de suas carreiras, em 2005, a banda sofreu uma perda: a saída da vocalista, Tarja Turunen, devido a certos problemas entre os membros que prefiro não entrar em detalhes pois já houve confusão demais por causa disso. Basicamente, como resultado, uma parte dos fãs se dividiu entre os "a favor de Tarja Turunen", e os "a favor do resto da banda".
No início de 2007, o líder da banda, Tuomas Holopainen (compositor e tecladista) divulgou pela internet que, após uma grande seleção, havia sido escolhida a nova vocalista. Seu nome: Anette Olzon. A única na banda a ser estrangeira, de nacionalidade sueca, e com voz e estilo de cantar bem diferente da ex-vocalista, Tarja.
Em setembro, o tão aguardado novo CD da banda, "Dark Passion Play", foi lançado e trouxe com ele um Nightwish bem diferente! O estilo foi renovado: continua o metal sinfônico com melodias que misturam o lirismo do clássico e a agressividade do metal, porém neste CD foram retomadas influências do folk, da música finlandesa e irlandesa de raíz, e digamos que encontramos um estilo mais direto, mais pesado em muitos momentos e mais pop em outros... mistura esta que ficou excelente!

Um CD novo em muitos sentidos, pois não se parece muito com os dois anteriores, os causadores do boom de sucesso da banda pelo mundo. A nova vocalista, Anette, surpreende por ser totalmente diferente da ex-vocalista, e faz seu papel muito bem! Já quanto às músicas anteriores da banda, que serão tocadas em shows, há uma certa decepção pelo estilo totalmente diferente que Anette aplica à interpretação das cancões...
Este álbum é o maior da história do Nightwish, e também o mais caro da história da Finlândia (500.000€!!) devido às participações especiais, incluindo a fantástica Orquestra Filarmônica de Londres. A faixa de abertura do disco é também a maior da história da banda, a épica "The Poet and the Pendulum" com seus 13:54min. A música tem conteúdo bem pessoal, tendo sua letra escrita por Tuomas, e fala sobre a dúvida de um poeta quanto à possibilidade de voltar a conseguir escrever após situações traumáticas, e o martírio que representa esta sensação de incapacidade.

"Ele parou de chorar ao fim de cada belo dia
A música que ele escreveu ficou tempo de mais sem silêncio
Ele foi encontrado nu e morto

Com um sorriso em seu rosto, uma caneta e 1000 páginas de texto apagado
"

A música seguinte, "Bye Bye Beautiful", é uma mensagem direta para Tarja Turunen. Fala sobre como ela agiu de forma errada desde o início, e sobre como tudo voltou ao normal, ainda que com séria feridas.

"Adeus, linda...
Não é árvore que abandona a flor

E sim a flor que abandona a árvore

Um dia aprenderei a amar estas cicatrizes

Ainda frescas da lâmina super-aquecida de suas palavras

... O quão cega você pode ser, você não percebe...

... que o jogador perdeu tudo o que não tem?...
"

Bom, não vale a pena ficar falando mais sobre o CD porque a coisa sempre fala melhor por si!... ou seja, dêem uma escutada, ainda que em um primeiro momento o estilo possa parecer desagradável ou barulhento. Vocês podem ter uma ótima surpresa!

2007

Durante o ano, no que se refere ao tema do cinesensus, passei por momentos que chamarei de felizes. Filmes, peças, livros... alguns bastante marcantes. Tanto que vale uma lista indicando os que para mim adquiriram o grau máximo de importância em cada área. Vamos a eles:

Livro: O Senhor Ventura de Miguel Torga. O livro não foi lançado em 2007, mas de uma certa forma e sob meu ponto de vista, diria que sim, já que foi o ano em que conheci o português Miguel Torga através dessa obra. Do pouco que conheço do autor, é recorrente em sua escrita o sentido do Homem, cheio de limitações, como o verdadeiro merecedor de admiração, ao invés dos deuses que possuem habilidades especiais. Em O Senhor Ventura isso fica claro, visto que a personagem principal passa por momentos dificílimos mas, apesar disso, está sempre demonstrando sua força em continuar. Ah! O livro foi lançado em 1943. E minha leitura se deu no centenário de vida de Miguel Torga (1907-1995).

Álbum de música: Roberto Carlos – 1971. Sim, em 2007 esse foi minha melhor aquisição e por vários motivos. Primeiro porque eu gosto de Roberto Carlos; depois porque tem músicas que lembram minha mãe e meu pai (Detalhes) e uma em especial que eu gosto muito de autoria do Caetano (Dois e dois). Além disso, a capa é linda, com o rosto do Roberto desenhado numa arte que não sei identificar.

Filme: Pequena Miss Sunshine. Se a minha memória não me engana, vi esse filme no início do ano... não! Acho que a primeira vez foi no final de 2006, mas tenho certeza que vi mais uma vez em 2007. Enfim, já assisti umas duas vezes no cinema e mais duas em DVD. O bom do filme é a simplicidade em mostrar a relatividade das coisas, principalmente mostrar a importância de assumir o que achamos valioso na vida — e o que achamos valioso, nem sempre, é valioso para os outros. Em resumo, creio que o filme fala sobre identificar o valor das coisas, das que realmente importam.

Teatro: Anjo Malaquias; direção de Delson Antunes. Cito essa peça por entender a dificuldade de adaptar o texto literário para o teatro encenado — aqui, na verdade, não se trata de uma adaptação, mas de ser uma peça baseada na obra do poeta Mário Quintana. Esse é um caso em que a transferência de uma linguagem para a outra foi de muito bom tom.

Televisão: Central da Periferia; uma criação da atriz Regina Casé, do antropólogo Hermano Vianna e do diretor de núcleo Guel Arraes. Um programa que era exibido no Fantástico e em edições especiais no sábado com a apresentação da Regina. Muitos dizem que o programa servia para estampar o “declínio do povo brasileiro”, exaltando a pobreza e a violência. Ao meu ver, o que foi exibido nos programas da série é o que realmente há na periferia, ou seja, violência, pobreza, uma gente com necessidades básicas, como cultura, e que com poucas ferramentas — e do seu jeito — faz de forma muito intuitiva sua arte, suas intervenções culturais.
.
Blog: http://saudadedopapel.zip.net/ do poeta multifacetado Arruda. Creio que nada que eu diga sobre o blog vai ser mais contundente do que o próprio. Portanto, só visitando para conferir.
.
Devo ter esquecido algo que mereça consideração; alguma área não abordada — como a exposição que acabo de me lembrar sobre a obra do Guimarães Rosa no MAM, a mesma que abriu o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo. De qualquer forma, se assim está, assim vai ficar. Que vocês perdoem minha fraca memória.

06 janeiro, 2008

Filmes em 2007.

Primeiramente preciso deixar claro que está é uma lista breve dos melhores filmes que assisti em 2007, não necessariamente de 2007 e não necessariamente nesta ordem.
Nos cinemas podemos ver uma variedade satisfatória, porém senti falta do cinema coreano e do japonês, o que não ocorreu com o chinês; este, em abundância.
Resolvi fazer um top 10 dos filmes que assisti na tela e fora da tela, de 2007 e anteriores, assim como o faço anualmente como grande admirador da sétima arte.



Babel ; Transylvania ; Paris, je t'aime (Paris, te amo) ; Sie, Jie (Luxúria, Precaução) ; The Assassination of Jesses James by the Coward Robert Ford (O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford) ; Carreiras ; Shi Gan (Time) ; Pierrot, le Fou (O Demônio das Onze Horas) ; C.R.A.Z.Y (C.R.A.Z.Y - Loucos de amor) ; Little Miss Sunshine (Pequena Miss Sunshine).


Como tudo também tem um lado ruim, uma pequena lista dos filmes que assisti, e não gostei, no ano de 2007.



The Invasion (Invasores) ; The Secret (O Segredo) ; El Búfalo de la Noche (O Búfalo da Noite).


P.S.: Também excelentes, porém ficaram de fora do top10:



O Passado ; Tonari no Totoro (Meu Vizinho Totoro) ; Elephant (Elefante)


Não quis escrever muito para não perder o caráter de "lista" da postagem, portanto, não falei sobre os filmes para o post não ficar muito extenso.

Volto em breve com novidades!