Fala-se sobre Rimbaud, porém o poeta que eu vejo presente no filme é Pessoa. Refiro-me a "Não estou lá", o filme do diretor Todd Haynes sobre Bob Dylan. Um filme biográfico, há bastante tempo já, não pressupõe a tradicional lógica de início/meio/fim, como ocorre com a vida biológica de uma pessoa de carne e osso, porém "Não estou lá" subverte totalmente o esperado e é composto por uma forma totalmente fragmentária e anti-padronizada. Seis atores representam Dylan, e ao mesmo tempo que todos são Dylan, ninguém é Dylan. Temos o Dylan poeta, o Dylan fora-da-lei, Dylan profeta e etc, e aí que entra um pouco do aspecto "pessoano" do filme. Até o nome das personagens é outro, e concluí-se que trata-se de Dylan, pois, bref, trata-se de uma cinebiografia do próprio, não é mesmo?, e também porque, como recurso da narrativa do filme, temos as músicas sendo tocadas pelas personagens (e mesmo curtas inseridos no filme revelando o conteúdo de algumas das suas letras de música).
Diria que o mais impressionante dos Dylans é o representado por Cate Blanchett. Não posso dizer que ela É ele, porém certamente a personagem criada é muito forte e muito interessante (e isto se deve também ao roteiro excelente do filme).
Outro ponto alto do filme (fora a forma como é contado, Blanchett e o roteiro) é a fotografia. O segmento de cada Dylan tem sua própria característica na fotografia também. Temos um segmento vida no interior, com muito sol, natureza e elementos fantásticos, e por outro lado temos um segmento que parece ter vindo direto de um filme do Godard, ou talvez de algum clipe do Pizzicato Five.
E com música boa, falas memoráveis, e vai-e-vem narrativo não-convencional, temos um filme talvez um pouco mais longo do que deveria, e certamente mais próximo de poesia modernista do que de cinema contemporâneo. Ou será isso mesmo?
Outro ponto alto do filme (fora a forma como é contado, Blanchett e o roteiro) é a fotografia. O segmento de cada Dylan tem sua própria característica na fotografia também. Temos um segmento vida no interior, com muito sol, natureza e elementos fantásticos, e por outro lado temos um segmento que parece ter vindo direto de um filme do Godard, ou talvez de algum clipe do Pizzicato Five.
E com música boa, falas memoráveis, e vai-e-vem narrativo não-convencional, temos um filme talvez um pouco mais longo do que deveria, e certamente mais próximo de poesia modernista do que de cinema contemporâneo. Ou será isso mesmo?
Um comentário:
não sei se vou me fazer entender, mas bob dylan é "algo" que tem me persseguido. sabe quando um assunto se torna recorrente? então, acho que preciso ver o que dylan tem a me dizer. até porque nunca lhe dei ouvidos.
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