13 janeiro, 2008

2007

Durante o ano, no que se refere ao tema do cinesensus, passei por momentos que chamarei de felizes. Filmes, peças, livros... alguns bastante marcantes. Tanto que vale uma lista indicando os que para mim adquiriram o grau máximo de importância em cada área. Vamos a eles:

Livro: O Senhor Ventura de Miguel Torga. O livro não foi lançado em 2007, mas de uma certa forma e sob meu ponto de vista, diria que sim, já que foi o ano em que conheci o português Miguel Torga através dessa obra. Do pouco que conheço do autor, é recorrente em sua escrita o sentido do Homem, cheio de limitações, como o verdadeiro merecedor de admiração, ao invés dos deuses que possuem habilidades especiais. Em O Senhor Ventura isso fica claro, visto que a personagem principal passa por momentos dificílimos mas, apesar disso, está sempre demonstrando sua força em continuar. Ah! O livro foi lançado em 1943. E minha leitura se deu no centenário de vida de Miguel Torga (1907-1995).

Álbum de música: Roberto Carlos – 1971. Sim, em 2007 esse foi minha melhor aquisição e por vários motivos. Primeiro porque eu gosto de Roberto Carlos; depois porque tem músicas que lembram minha mãe e meu pai (Detalhes) e uma em especial que eu gosto muito de autoria do Caetano (Dois e dois). Além disso, a capa é linda, com o rosto do Roberto desenhado numa arte que não sei identificar.

Filme: Pequena Miss Sunshine. Se a minha memória não me engana, vi esse filme no início do ano... não! Acho que a primeira vez foi no final de 2006, mas tenho certeza que vi mais uma vez em 2007. Enfim, já assisti umas duas vezes no cinema e mais duas em DVD. O bom do filme é a simplicidade em mostrar a relatividade das coisas, principalmente mostrar a importância de assumir o que achamos valioso na vida — e o que achamos valioso, nem sempre, é valioso para os outros. Em resumo, creio que o filme fala sobre identificar o valor das coisas, das que realmente importam.

Teatro: Anjo Malaquias; direção de Delson Antunes. Cito essa peça por entender a dificuldade de adaptar o texto literário para o teatro encenado — aqui, na verdade, não se trata de uma adaptação, mas de ser uma peça baseada na obra do poeta Mário Quintana. Esse é um caso em que a transferência de uma linguagem para a outra foi de muito bom tom.

Televisão: Central da Periferia; uma criação da atriz Regina Casé, do antropólogo Hermano Vianna e do diretor de núcleo Guel Arraes. Um programa que era exibido no Fantástico e em edições especiais no sábado com a apresentação da Regina. Muitos dizem que o programa servia para estampar o “declínio do povo brasileiro”, exaltando a pobreza e a violência. Ao meu ver, o que foi exibido nos programas da série é o que realmente há na periferia, ou seja, violência, pobreza, uma gente com necessidades básicas, como cultura, e que com poucas ferramentas — e do seu jeito — faz de forma muito intuitiva sua arte, suas intervenções culturais.
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Blog: http://saudadedopapel.zip.net/ do poeta multifacetado Arruda. Creio que nada que eu diga sobre o blog vai ser mais contundente do que o próprio. Portanto, só visitando para conferir.
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Devo ter esquecido algo que mereça consideração; alguma área não abordada — como a exposição que acabo de me lembrar sobre a obra do Guimarães Rosa no MAM, a mesma que abriu o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo. De qualquer forma, se assim está, assim vai ficar. Que vocês perdoem minha fraca memória.

2 comentários:

Pedro Nurmi disse...

Bah! :D
Não pude desfrutar ainda da maior parte dos itens citados, quer dizer, na verdade só estive em contato com "Pequena Miss Sunshine" (que inclusive consta na minha postagem anterior). É, você realmente indicou motivos para que estas obras tenham relevância para você, independente das suas categorias. Não tem porque se desculpar pela memória... acho que aquilo que realmente marca fica em alguma parte mais sensorial do cérebro, coisa que muitas vezes a memória não acompanha, coitada.

Unknown disse...

Fábio, Central da Periferia passou completo, sem cortes no Canal Futura, e comparado ao que peassou no Fantástico, foi com certeza muito melhor, especialmente o que foi gravado na periferia de Luanda, capital de Moçambique. Nele pode-se notar a grande semelhança cultural entre o povo daqui e de lá : a criatividade, a simplicidade e espontaneidade, que não sei como a Regina Casé faz, mas consegue extrair o máximo das pessoas que entrevista. Muito Bom. Valeu !