Alguns anos atrás, era muito raro encontrar alguém que conhecesse a banda Nightwish aqui no Brasil. A banda, formada em 1996 em Kitee, Finlândia, já estava bastante conhecida por toda a europa e outros países pelo mundo enquanto que no Brasil, apesar de já ter realizado alguns poucos shows, ainda se mantinha desconhecida. Com o lançamento do CD "Once", em 2004 (o sexto álbum da banda), eles se tornaram sucesso instantâneo no Brasil com a música "Nemo", tendo a sorte de ser lançada bem no auge da moda "Evanescence" e "estética gótica", chegando a realizar uma turnê pelo país. A imagem da banda era a vocalista, Tarja Turunen - para mim, uma das maiores vozes do mundo - com seu estilo que mistura formação clássica (ópera) e voz suave. Este CD permitiu ao Nightwish um sucesso absurdo pelo mundo, e justamente quando eles estavam no momento máximo de suas carreiras, em 2005, a banda sofreu uma perda: a saída da vocalista, Tarja Turunen, devido a certos problemas entre os membros que prefiro não entrar em detalhes pois já houve confusão demais por causa disso. Basicamente, como resultado, uma parte dos fãs se dividiu entre os "a favor de Tarja Turunen", e os "a favor do resto da banda".
No início de 2007, o líder da banda, Tuomas Holopainen (compositor e tecladista) divulgou pela internet que, após uma grande seleção, havia sido escolhida a nova vocalista. Seu nome: Anette Olzon. A única na banda a ser estrangeira, de nacionalidade sueca, e com voz e estilo de cantar bem diferente da ex-vocalista, Tarja.
Em setembro, o tão aguardado novo CD da banda, "Dark Passion Play", foi lançado e trouxe com ele um Nightwish bem diferente! O estilo foi renovado: continua o metal sinfônico com melodias que misturam o lirismo do clássico e a agressividade do metal, porém neste CD foram retomadas influências do folk, da música finlandesa e irlandesa de raíz, e digamos que encontramos um estilo mais direto, mais pesado em muitos momentos e mais pop em outros... mistura esta que ficou excelente!
Um CD novo em muitos sentidos, pois não se parece muito com os dois anteriores, os causadores do boom de sucesso da banda pelo mundo. A nova vocalista, Anette, surpreende por ser totalmente diferente da ex-vocalista, e faz seu papel muito bem! Já quanto às músicas anteriores da banda, que serão tocadas em shows, há uma certa decepção pelo estilo totalmente diferente que Anette aplica à interpretação das cancões...
Este álbum é o maior da história do Nightwish, e também o mais caro da história da Finlândia (500.000€!!) devido às participações especiais, incluindo a fantástica Orquestra Filarmônica de Londres. A faixa de abertura do disco é também a maior da história da banda, a épica "The Poet and the Pendulum" com seus 13:54min. A música tem conteúdo bem pessoal, tendo sua letra escrita por Tuomas, e fala sobre a dúvida de um poeta quanto à possibilidade de voltar a conseguir escrever após situações traumáticas, e o martírio que representa esta sensação de incapacidade.
"Ele parou de chorar ao fim de cada belo dia
A música que ele escreveu ficou tempo de mais sem silêncio
Ele foi encontrado nu e morto
Com um sorriso em seu rosto, uma caneta e 1000 páginas de texto apagado"
A música seguinte, "Bye Bye Beautiful", é uma mensagem direta para Tarja Turunen. Fala sobre como ela agiu de forma errada desde o início, e sobre como tudo voltou ao normal, ainda que com séria feridas.
"Adeus, linda...
Não é árvore que abandona a flor
E sim a flor que abandona a árvore
Um dia aprenderei a amar estas cicatrizes
Ainda frescas da lâmina super-aquecida de suas palavras
... O quão cega você pode ser, você não percebe...
... que o jogador perdeu tudo o que não tem?..."
Bom, não vale a pena ficar falando mais sobre o CD porque a coisa sempre fala melhor por si!... ou seja, dêem uma escutada, ainda que em um primeiro momento o estilo possa parecer desagradável ou barulhento. Vocês podem ter uma ótima surpresa!
13 janeiro, 2008
2007
Durante o ano, no que se refere ao tema do cinesensus, passei por momentos que chamarei de felizes. Filmes, peças, livros... alguns bastante marcantes. Tanto que vale uma lista indicando os que para mim adquiriram o grau máximo de importância em cada área. Vamos a eles:
Livro: O Senhor Ventura de Miguel Torga. O livro não foi lançado em 2007, mas de uma certa forma e sob meu ponto de vista, diria que sim, já que foi o ano em que conheci o português Miguel Torga através dessa obra. Do pouco que conheço do autor, é recorrente em sua escrita o sentido do Homem, cheio de limitações, como o verdadeiro merecedor de admiração, ao invés dos deuses que possuem habilidades especiais. Em O Senhor Ventura isso fica claro, visto que a personagem principal passa por momentos dificílimos mas, apesar disso, está sempre demonstrando sua força em continuar. Ah! O livro foi lançado em 1943. E minha leitura se deu no centenário de vida de Miguel Torga (1907-1995).
Álbum de música: Roberto Carlos – 1971. Sim, em 2007 esse foi minha melhor aquisição e por vários motivos. Primeiro porque eu gosto de Roberto Carlos; depois porque tem músicas que lembram minha mãe e meu pai (Detalhes) e uma em especial que eu gosto muito de autoria do Caetano (Dois e dois). Além disso, a capa é linda, com o rosto do Roberto desenhado numa arte que não sei identificar.
Filme: Pequena Miss Sunshine. Se a minha memória não me engana, vi esse filme no início do ano... não! Acho que a primeira vez foi no final de 2006, mas tenho certeza que vi mais uma vez em 2007. Enfim, já assisti umas duas vezes no cinema e mais duas em DVD. O bom do filme é a simplicidade em mostrar a relatividade das coisas, principalmente mostrar a importância de assumir o que achamos valioso na vida — e o que achamos valioso, nem sempre, é valioso para os outros. Em resumo, creio que o filme fala sobre identificar o valor das coisas, das que realmente importam.
Teatro: Anjo Malaquias; direção de Delson Antunes. Cito essa peça por entender a dificuldade de adaptar o texto literário para o teatro encenado — aqui, na verdade, não se trata de uma adaptação, mas de ser uma peça baseada na obra do poeta Mário Quintana. Esse é um caso em que a transferência de uma linguagem para a outra foi de muito bom tom.
Televisão: Central da Periferia; uma criação da atriz Regina Casé, do antropólogo Hermano Vianna e do diretor de núcleo Guel Arraes. Um programa que era exibido no Fantástico e em edições especiais no sábado com a apresentação da Regina. Muitos dizem que o programa servia para estampar o “declínio do povo brasileiro”, exaltando a pobreza e a violência. Ao meu ver, o que foi exibido nos programas da série é o que realmente há na periferia, ou seja, violência, pobreza, uma gente com necessidades básicas, como cultura, e que com poucas ferramentas — e do seu jeito — faz de forma muito intuitiva sua arte, suas intervenções culturais.
Livro: O Senhor Ventura de Miguel Torga. O livro não foi lançado em 2007, mas de uma certa forma e sob meu ponto de vista, diria que sim, já que foi o ano em que conheci o português Miguel Torga através dessa obra. Do pouco que conheço do autor, é recorrente em sua escrita o sentido do Homem, cheio de limitações, como o verdadeiro merecedor de admiração, ao invés dos deuses que possuem habilidades especiais. Em O Senhor Ventura isso fica claro, visto que a personagem principal passa por momentos dificílimos mas, apesar disso, está sempre demonstrando sua força em continuar. Ah! O livro foi lançado em 1943. E minha leitura se deu no centenário de vida de Miguel Torga (1907-1995).
Álbum de música: Roberto Carlos – 1971. Sim, em 2007 esse foi minha melhor aquisição e por vários motivos. Primeiro porque eu gosto de Roberto Carlos; depois porque tem músicas que lembram minha mãe e meu pai (Detalhes) e uma em especial que eu gosto muito de autoria do Caetano (Dois e dois). Além disso, a capa é linda, com o rosto do Roberto desenhado numa arte que não sei identificar.
Filme: Pequena Miss Sunshine. Se a minha memória não me engana, vi esse filme no início do ano... não! Acho que a primeira vez foi no final de 2006, mas tenho certeza que vi mais uma vez em 2007. Enfim, já assisti umas duas vezes no cinema e mais duas em DVD. O bom do filme é a simplicidade em mostrar a relatividade das coisas, principalmente mostrar a importância de assumir o que achamos valioso na vida — e o que achamos valioso, nem sempre, é valioso para os outros. Em resumo, creio que o filme fala sobre identificar o valor das coisas, das que realmente importam.
Teatro: Anjo Malaquias; direção de Delson Antunes. Cito essa peça por entender a dificuldade de adaptar o texto literário para o teatro encenado — aqui, na verdade, não se trata de uma adaptação, mas de ser uma peça baseada na obra do poeta Mário Quintana. Esse é um caso em que a transferência de uma linguagem para a outra foi de muito bom tom.
Televisão: Central da Periferia; uma criação da atriz Regina Casé, do antropólogo Hermano Vianna e do diretor de núcleo Guel Arraes. Um programa que era exibido no Fantástico e em edições especiais no sábado com a apresentação da Regina. Muitos dizem que o programa servia para estampar o “declínio do povo brasileiro”, exaltando a pobreza e a violência. Ao meu ver, o que foi exibido nos programas da série é o que realmente há na periferia, ou seja, violência, pobreza, uma gente com necessidades básicas, como cultura, e que com poucas ferramentas — e do seu jeito — faz de forma muito intuitiva sua arte, suas intervenções culturais.
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Blog: http://saudadedopapel.zip.net/ do poeta multifacetado Arruda. Creio que nada que eu diga sobre o blog vai ser mais contundente do que o próprio. Portanto, só visitando para conferir.
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Devo ter esquecido algo que mereça consideração; alguma área não abordada — como a exposição que acabo de me lembrar sobre a obra do Guimarães Rosa no MAM, a mesma que abriu o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo. De qualquer forma, se assim está, assim vai ficar. Que vocês perdoem minha fraca memória.
06 janeiro, 2008
Filmes em 2007.
Primeiramente preciso deixar claro que está é uma lista breve dos melhores filmes que assisti em 2007, não necessariamente de 2007 e não necessariamente nesta ordem.
Nos cinemas podemos ver uma variedade satisfatória, porém senti falta do cinema coreano e do japonês, o que não ocorreu com o chinês; este, em abundância.
Resolvi fazer um top 10 dos filmes que assisti na tela e fora da tela, de 2007 e anteriores, assim como o faço anualmente como grande admirador da sétima arte.
Babel ; Transylvania ; Paris, je t'aime (Paris, te amo) ; Sie, Jie (Luxúria, Precaução) ; The Assassination of Jesses James by the Coward Robert Ford (O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford) ; Carreiras ; Shi Gan (Time) ; Pierrot, le Fou (O Demônio das Onze Horas) ; C.R.A.Z.Y (C.R.A.Z.Y - Loucos de amor) ; Little Miss Sunshine (Pequena Miss Sunshine).
Como tudo também tem um lado ruim, uma pequena lista dos filmes que assisti, e não gostei, no ano de 2007.
The Invasion (Invasores) ; The Secret (O Segredo) ; El Búfalo de la Noche (O Búfalo da Noite).
P.S.: Também excelentes, porém ficaram de fora do top10:
O Passado ; Tonari no Totoro (Meu Vizinho Totoro) ; Elephant (Elefante)
Não quis escrever muito para não perder o caráter de "lista" da postagem, portanto, não falei sobre os filmes para o post não ficar muito extenso.
Volto em breve com novidades!
Nos cinemas podemos ver uma variedade satisfatória, porém senti falta do cinema coreano e do japonês, o que não ocorreu com o chinês; este, em abundância.
Resolvi fazer um top 10 dos filmes que assisti na tela e fora da tela, de 2007 e anteriores, assim como o faço anualmente como grande admirador da sétima arte.
Babel ; Transylvania ; Paris, je t'aime (Paris, te amo) ; Sie, Jie (Luxúria, Precaução) ; The Assassination of Jesses James by the Coward Robert Ford (O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford) ; Carreiras ; Shi Gan (Time) ; Pierrot, le Fou (O Demônio das Onze Horas) ; C.R.A.Z.Y (C.R.A.Z.Y - Loucos de amor) ; Little Miss Sunshine (Pequena Miss Sunshine).
Como tudo também tem um lado ruim, uma pequena lista dos filmes que assisti, e não gostei, no ano de 2007.
The Invasion (Invasores) ; The Secret (O Segredo) ; El Búfalo de la Noche (O Búfalo da Noite).
P.S.: Também excelentes, porém ficaram de fora do top10:
O Passado ; Tonari no Totoro (Meu Vizinho Totoro) ; Elephant (Elefante)
Não quis escrever muito para não perder o caráter de "lista" da postagem, portanto, não falei sobre os filmes para o post não ficar muito extenso.
Volto em breve com novidades!
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